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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Mais mulheres deveriam cantar pagode baiano

Sim, o título desse post é esse mesmo. Não, eu não estou bêbado.

 Muito se fala sobre as letras escrotas de músicas compostas para o pagode baiano. Duplos sentidos que tirariam dignidade da mulher. O que é verdade, muitas bandas pegam pesado, não engulam essa conversa de que “a maldade está na cabeça dos outros”.


O contexto dos enunciados de muitas canções desse ritmo é relativamente indigno com a figura feminina. Então por qual razão seria interessante mulheres cantando esse tipo de música? A ideia mudaria simplesmente por completo. Quem faz o discurso é tão importante quanto o discurso em si.

Senta que lá em história: Nos séculos XVIII e XIX era comum mulheres simplesmente não poderem sair de casa por conta de seus maridos, que aprisionavam suas esposas e filhas temendo que essas se jogassem diante de um galanteador qualquer. Trancar as mulheres da casa era uma forma também do homem mostrar quem mandava naquela sociedade de merda, afinal, homens em todas as épocas da humanidade sempre estiveram preocupados em provar a sua masculinidade.

 Se em 2011, com lei Maria da Penha, delegacia da mulher, policiais femininas ocorrem diversos casos de maridos que estupram suas esposas, imagine isso a 150, 100, 50, anos atrás. A identidade delas era basicamente seu papel social de esposa e mãe, a outra opção era ser marginalizada da sociedade.

 Nesse contexto histórico um homem gritando em um microfone “toma negona” me parece algo que vai além do gosto musical duvidoso, entra em um mundo muito do escroto onde a mulher vem a ser apenas um objeto do homem (ao menos essa é uma das interpretações possíveis).



 Uma mulher cantando “toma negão, na boca e na bochecha” ganharia outro sentido, quase revolucionário. Se for imaginado uma mulher “interpretando” uma música onde o homem é o objeto sexual, as coisas mudam de figura relativamente, pois elas são inserida no debate. A maioria das cantoras que eu vejo por aí estão cantando chatices românticas e fazendo cópias muito estranhas da Lady Gaga, a questão sexual na música baiana é muito mais ligada a cantores homens.

 O contexto do pagode baiano nesse sentido é muito parecido com o da pornografia, que recebeu muitas acusações a respeito de como ela era masculinizada. Já ouvi falar de relatos de feministas que pediam a proibição de vídeos eróticos. Então surge na Alemanha Erika Lust responsável por fazer filmes pornôs para mulheres, uma idéia interessante pra caralho que coloca a mulher no centro das conversas sobre fantasias sexuais.

 Acho que colocar mais mulheres para cantar esse tipo de música uma forma muito mais eficiente de se tratar do machismo que muitos projetos de lei que andam circulando por aí. Mas relaxem, eu tenho plena consciência que minha opinião não é importante.

 Com informações do livro : RETRATOS DE MULHER - O COTIDIANO FEMININO NO BRASIL SOB O OLHAR DE VIAGEIROS DO SÉCULO XIX de TANIA QUINTANEIRO

Um comentário:

Alane disse...

Em abril estive ai pra visitar minha família e fiquei horrorizada...em toda esquina tinha a musica "BOTA VOCETA NO PAU" E " A PERERECA DELA PISCA" Na minha opinião é o cúmulo da desgraça!